16 de março de 2009

Do mato para o circo, do circo para as infâncias perdidas

Já sei. Tenho passado muito tempo sem escrever posts, sem responder aos emails e às sms e muitas vezes, estou fora de rede.. sorry a tout la familie e amigos mas a vida tem sido mais que muito busy.

Passei toda a semana passada em Massingir, a assistir a consultas nas unidades sanitárias de algumas comunidades que ficam láaaaaaaaaaaaaaa. Não tenho nem palavras para descrever os problemas que este sistema de saúde tem...não consigo nem imaginar como se pode ultrapassar todas as barreiras culturais e crenças antigas que impedem o controlo adequado de algumas doenças...não posso nem especificar qual é o sentimento com que voltei: se arregaçar as mangas, meter mãos ao trabalho e tentar com mais força para que o nosso contributo realmente contribua... ou se pura e simplesmente desistir e aceitar de uma vez que a malária e a sida nunca vão desaparecer deste continente porque na verdade nem depende de quem trabalha no mato mas sim dos big bosses lá no Maputo..

Sim, vim desanimada e descrente com esta história da ajuda humanitária que os países desenvolvidos dão para combater as doenças relacionadas com a pobreza. Eu já sabia que é tudo um bando de lobbistas sim senhor mas quando se está dentro duma sala de consultas sem ventilação, a sofrer com os 30 graus e a ver doenças serem mal diagnosticadas e tratadas...o caso muda de figura e o estômago revira-se todo..

Para terminar a semana em beleza, Chókwè foi invadida pela comitiva ministerial da saúde..um verdadeiro circo que meteu tv e tudo. E a família a entreajudar-se para terminar os detalhes que a G. tinha que tratar..tapar placas de inaguração com capulanas, pôr a fitinha para ser cortada, fazer um bouquet com a cores da república..só protocolo, daquele muito boring.

No dia x, eu fugi... para o orfanato de Chiaquelane, onde vivem umas 70 crianças que são ajudadas por uma ONG portuguesa e criadas por uma irmã moçambicana que viveu em portugal e adora bacalhau ;) Sinto-me em paz quando lá vou e mais que isso, sinto-me útil por saber que apenas pegar nelas ao colo, fazer uma cócega ou distribuir xarope para a tosse (e o que elas adoraram o xarope!!) é mais atenção que alguma vez elas tiveram... sinto-me invadida por uma estranha sensação de amor e carinho que distribuo gratuitamente e sem querer nada em troca. E fico estupidamente feliz quando me brindam com um sorriso nos olhos.. Há muito trabalho lá para fazer e muitas necessidades para colmatar e hei-de chatear-vos a todos para ajudarem :p)
E já...vou começar a nova semana com um sorriso nos olhos também..porque a frustação da semana passada foi ultrapassada pelo esforço de animar a infância perdida daquelas crianças...

1 comentário:

  1. Porra Blackie, tenho saudades desses mimos que são os melhores do Mundo. Esses mimos que nos acariciam a alma, que nos fazem sorrir a pele, que nos deixam em extase e naquele contentamento...contente.

    E das ONG's deixei de acreditar. Vendi-me ao capitalismo. E mal ou bem, a verdade é que esta exploração da terra proporciona bem estar. Não se pensa no amanhã, algo completamente louco para mim (a gaja do sustentável)...mas o amanhã em África (e sabes bem o que escrevo) é completamente o oposto do que tinhamos imaginado...! Por isso..o hoje interessa e interessa mesmo! ABREIJOLAS!

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