13 de abril de 2010

Here I go again

Família e amigos do peito,

a preta está a caminho, mais uma vez!

A partir de dia 20 Abril estarei aí novamente. Por quanto tempo...é desconhecido!

Desta vez para, espero eu, rever muitos de vós e disfrutar das maravilhas da Europa. E conhecer maningue sobrinhos que nasceram entretanto!

Vou fazer um trato com o São Pedro e levar um pouco deste maravilhoso sol africano para vós ;)

Ok, e vou tentar enfiar uns kg de camarão tigre na mala :p)

See you soon!!

8 de abril de 2010

O preço do conforto..

Era uma vez uma alentejana de Lisboa, com manias que tem ligações a África, que decidiu vir viver para Moçambique para trabalhar num projecto de ajuda humanitária e combater a malária.

Cá chegada, achou que teve sorte ao instalar-se numa cabana melhorada, situada num condomínio africano, pertencente a uma congregação de irmãs.
Numa cidade onde as casas, com condições minimamente aceitáveis, estavam já com preços super inflacionados pela presença dos patos bravos da construção civil (que aceitam alugar vivendas ao preço de luxuosos apartamentos na baixa lisboeta), a alentejanita teve a inocência de acreditar que ter por senhoria as irmãs religiosas, lhe daria o privilégio de pagar módicas quantias pelo conforto tão desejado num cantinho que se quer sempre fresco, limpo, seguro e com um belo jardim a alegrar as vistas.

Estava assim estabelecido o equilíbrio entre o frustrante salário de uma expatriada em África, o desconforto do trabalho nómada no mato e o constante desejo de chegar a um lar cuidado e confortável, por um preço razoável e aceitável.

WRONG!!!!!!
Eis que:
A empresa de electricidade de Moçambique decide, e obriga os seus clientes, sem qualquer pré aviso, usar um sistema de pagamento da energia que, à primeira vista parece futurista e inovador, mas na verdade não passa duma roubalheira ao nível dos impostos cobrados aos cidadãos europeus: em Chokwe, todos os habitantes viram os seus contadores de luz serem substituídos por um sistema de carregamento que anula a emissão de facturas e atrasos nos pagamentos- o Credelec.

Passo a explicar. Temos uma máquina à porta de casa que contabiliza o consumo de energia. Quando está a zeros, vamos comprar “crédito” a uma loja. Dão-nos um código, que inserimos na máquina em casa e o valor correspondente ao montante pago, aparece em KW que se vão consumindo à medida que usamos a energia. Parece justo certo? Acaba-se com aquela história das leituras e estimativas e os pagamentos por excesso. Cada um passa a pagar exactamente, e só, aquilo que consome. WRONG!!! Porque ao comprar o dito crédito verifica-se que os KW a que dão direito variam a cada aquisição. Além disso, acrescem-lhe uma taxa de rádio (que eu não tenho..) e de lixo (o meu lixo é queimado na rua pela minha D. L...), cujo valor varia de cada vez que compro o dito “crédito” da energia. Além disso, o consumo de KW também varia de uma forma inexplicável ao longo das diferentes horas do dia e da semana, sem qualquer padrão possível de entender...
Quando consultei um técnico da dita empresa de electricidade, só me pude rir da resposta: “Ah pois é...vais ter dificuldades. Este sistema é o maior roubo legal que a empresa articulou. Não tens mais como fugir. Só podes pagar, se queres fresco na tua casa. E prepara-te para passar a pagar mais sem saber porquê... não vale nem reclamar, só vais zangar à toa!”
Contra factos, não há argumentos...
E pronto...o cantinho fresco, limpo, seguro e com belo jardim, agora custa-me os olhos da cara. Graças ao credelec, aos exageros dos roubos em comida da D. L, aos guardas inevitavelmente necessários numa terra de bandidos e a um jardim que bebe mais água que um caminhante perdido no Sahara..
Estou chateada, pois claro que estou!