13 de janeiro de 2010

I have a question, please

E só assim de repente, tenho uma pergunta:
Em mais alguma parte do mundo é feriado nacional quando um novo (ou velho) presidente de república toma posse?!!?
Bom, eu não me vou queixar muito porque amanhã estou de folga.
Para poder assistir de perto às festividades da tomada de posse de Sua Excelência, pela TV....
Já referi que esse aparelho é inexistente na minha casa, certo? Mas seguro que devo encontrar um nas dunas do Bilene ;)

FELIZ VINTE DEZ!!!!

E aí está!
O primeiro post de 2010! Que em terras a sul do Equador se diz “vinte dez” e não “dois mil e dez”...tretas de sul africanos orgulhosos por serem os anfitriões do Mundial 2010, pois então.

Reparo agora no post “glicodocearoçaratristezatipícadeumaexpatriadaqueviveláaaaalonge” que deixei no dia de natal...ó minha nossa! Como é que o A. me deixou fazer isto?! Onde é que eu tinha a cabeça para ter escrito tais coisas?! Parecia uma Da Vinci...valha-me....être louvé, na gíria de ano novo do Chokwe :p)
Ai...esperem...já me lembro...estava embebida de um espírito natalício regado de 3 garrafas de Adega de Borba de 98, obrigatórias para esquecer a dor de ter ficado sem ceia de Natal.. pois foi. Olha..acontece.

Bom, o que interessa é que começamos o ano tal Fénix renascida!
O vinte dez trouxe um novo ânimo ao trabalho e à dinâmica do escritório de Chókwè, com maningue pessoas novas, cheias de vontade de escravadarem. E eu, vou na corrente..

Em muito contribui para este espírito positivo os dias de descanso pós Natal:

- relax total na verdejante Swazi, a mimar o corpo e a alma com sonecas dormidas à sombra de palmeiras gigantes, embalada pelo chinfrim dos macacos locais e a apreciar o turismo rural nesse reinado de palmo e meio

- bronze dos grandes, apanhados no último dia do ano, 200 km abaixo do Durbão (sim, Durban, para os que gostam de ser precisos). Na verdade, acho que fomos até ao pólo sul e quase me lembro de ter acenado um pinguim em marcha láaaa ao longe J
O sol sul africano não brinca, pessoal. Creio que foi a primeira vez que esta vossa preta apanhou um escaldão tão grande em tão poucas horas! De tal forma, que ainda estou a pelar e, claro está, a obrigar-me a um regime forçadíssimo de exposição ao astro rei aos finais de semana, para contrariar esta maldita muda de pele que fez das minhas costas um mapa mundi. Um trabalho difícil, como podem imaginar. Tenho consciência que isto pode provocar algumas invejas nos mais inconformados com o gélido inverno europeu mas convenhamos, cada qual luta pelo que quer e eu.. fugi desse frio! Agora tenho que aguentar com os comentários tipo “tens um padrão esquisito desenhado nas tuas costas..não tens uma doença de pele qualquer? É contagiosa?” Again, cada qual dorme na cama que faz :p)
Percorremos km e km e km de auto-estradas na costa Este de África do Sul. São em tudo iguais às nossas. Até no abusado valor das portagens. De referir o pequeno pormenor que entrei nestas estradas sem um único rand na carteira e os cartões multibanco foram deixando de funcionar à medida que avançávamos nas portagens. Resultado: ao último pedido de pagamento, fui forçada a “subornar” a portageira (esta profissão existe?!) com os poucos dólares que tinha, para que me deixasse prosseguir pois não tinha como pagar...valha-me o desenrascanço tuga e a total falta de vergonha na cara..
O destino foi a casa de um amigo perto de Port Edward (sim, quase a chegar à Antártida), na província de KwaZulu-Natal. Para os mais curiosos, o nome deriva do facto do meu conterrâneo Vasco da Gama ter aterrado no Durbão no dia de Natal de 1497, um ano antes de ter chegado à India (uma informação exclusiva da Betopédia. Para mais informações, visitar o seu blog asuldomundo.wordpress). Com um pouquinho mais de esforço e de melhorias na gestão do reino durante os Descobrimentos, os boers sul africanos seriam hoje...tugas!
Esta província é ainda o berço do povo Zulu e está repleta de marcos históricos e tradições por todo o lado e, como não podia deixar de ser, de referências ao Shaka Zulu, grande rei e senhor que lutou contra a invasão dos boers, defendendo o seu território. Ou atacou e dizimou dezenas deles.. A opinião varia conforme a pessoa que conta a história... Enfim, uma canseira, para absorver tanta informação.
Para mim (ou nós, o grupo de amigos que decidiu fazer este interjipe africano) o que contou e ficará na memória foi ter passado o último dia do ano enterrada na escaldante areia da costa sul africana, a brincar nos vagalhões do Indico, que em muito se assemelham ao Atlântico a reclamar contra as falésias do Porto Covo nas noites de tempestade de inverno e nos relembraram o respeito que o mar merece e exige.
É de facto diferente. Imaginar-vos todos aí encasacados, a curtir o quentinho da lareira e nós...de bikini e a beber cervejinhas geladas na praia!

- festa na praia na passagem de ano. Todas as passagens de ano em que estive na praia (em, pelo menos, algum momento da noite) foram das mais geladas e desconfortantes da minha vida. Daquelas que nos fazem afirmar os típicos clichés “do frio é psicológico”. E repetimos tanto, que até acreditamos.
Pois, a entrada no vinte dez passou-se com um leve vestido de algodão sobre o corpo, de pés descalços enterrados na areia e bebida gelada a escorrer na garganta. Sem um único queixume excepto o “mas porque é que este gajos aqui ao lado decidiram fazer uma fogueira se está um calor do caraças?!” E esse calor, não tinha nada de psicológico. Até se agradeceram as pequeninas gotas de chuva que caíram, a anunciar o vinte dez.
De resto, foi tranquilo. Comigo a melhorar as técnicas de bilhar ;)

- regresso ao calor do lar xokuense, onde a subida dos termómetros bateu nos 40 graus e desencadeou chuvas daaaaaaaaqueeeeelllllasss. Para não esquecermos que isto é África, óbvio.

Pois, tal Fénix renascida...vou voar cheia de garra, ou caso contrário, tou a pedir facas como prenda atrasada de Natal que podem enviar pelo meu pai, e já agora escolham o pulso que devo começar a cortar primeiro porque este projecto mata-me de stress logo assim no início do ano...

Just kidding. Escolho a via da luta armada contra as sedes em Lisboa e seguro que nada vá a passar (ah, sim..passo a avisar, a minha nova coordenadora é espanhola pelo que ahora hablo una língua muy esquisita, lo portunhol, porque senon ninguém me intiende!)

Besitos e hasta breve nenos :)