Uma cebola pequena, meticulosamente cortada em tiras finissimas. Entra para uma salão de azeite borbulhante e aguarda impacientemente a chegada de um pequeno alho, bem picado em pequenos quadrados.
Valsam os dois, ao som daquele azeite fervilhante, marinando lentamente, emanando o tipico e delicioso odor do nosso refogado tão português.
São bruscamente interrompidos pela entrada dos pedaços de tomate, grosseiramente despedaçados. E a valsa transforma-se bruscamente numa...complicada mazurka, inundada de molho avermelhado.
É então que são chamados os três pimentos verdes, de pele luzidia, em pequenas tiras e sem sementes, para entrar na festa e acalmar os animos.
Festejam todos juntos, demoradamente ao som do batuque de mais duas frescas malaguetas, que obviamente comandam a orquestra.
O conhecido refogado deita agora cheiros africanos e pede mais emoção no compasso da dança.
Ei-los quase em extase. Borbulham, desfazem-se, emanam odores, exigem uma pitada de sal e avisam que não ficarão à espera eternamente...
Chega então o rei do samba: meio kilo de mexilhão fresquinho, apanhado nessa manhã mesmo à frente da cozinheira e limpo ao som de catanadas por 2 miudos, na praia.
Entram um a um no salão e rapidamente alteram o seu aroma, de spicy africa para costa alentejana...E a festa recomeça.
Cada pedacinho de alho e cebola desliza convenientemente para dentro de cada mexilhão, à medida que estes se vão abrindo ao som daquele azeite, agora pintalgado de vermelho malagueta.
E sambam, sem pressas, até todas as conchas estarem recheadas com aquele delicioso refogado sumarento.
A festa termina com o toque final de umas ervas aromáticas, a avisar que a cozinheira está a babar-se.
E sim,a seguir tive um orgasmo gástrico com esta refeição J