27 de janeiro de 2009

A Mãe Natureza no seu melhor :)

Eu já tinha ido ao Kruger.


Mas foi no inverno, na época seca. Pelo que a probabilidade de se ver animais é muito maior pois eles ficam todos juntinhos, perto da pouca água que houver. E eu tive muita sorte, porque vi quase todos os "grandes"- chamam-lhes os Big 5: leão, leopardo, elefante, búfalo e rinoceronte (porque eram as espécies mais apetecidas pelos caçadores, na época em que o pessoal só comia carne de caça).


Mas o espectáculo de ver o Kruger agora, depois de ter chuvido....está tudo cheio clorofila, minha nossa! Os arbustos cresceram tanto que parecem árvores, as árvores parecem que viraram arranha ceús (vi o baobab mais gigantesco da minha vida!!ok, eu só tinha visto estes 2 que existem cá no Chókwè..), e a vida animal fervilha! Os animais estão mais escondidos, claro, mas ainda sim...deu para ver o único big 5 que me tinha escapado da última vez: um leopardo, no meio da vegetação...a passear relaxadamente em pleno dia..sim, não há palavras para descrever o que se sente quando se vê os animais em pura liberdade..


Para aqueles que pouco ou nada sabem sobre o Kruger: é assim mais ou menos do tamanho do nosso Alentexas. Se esticarmos dum lado e encolhermos do outro, vai dar no mesmo. Faz fronteira com Moçambique, sendo que essa fronteira são as Montanhas do Libombo (um percurso a fazer numa outra aventura), gigantescas e milenares. É um dos maiores parques naturais do mundo e está a implementar uma política de abertura de fronteiras fantástica! Significa que os animais são livres de circular para onde quiserem, nos países vizinhos, aumentando assim as suas possibilidades de sobrevivência (e os sustos que pregam nos sítios onde existem aldeias).


O Kruger, juntamente com o Parque Nacional do Limpopo (fica aqui mesmo ao lado, num dos distritos onde nós trabalhamos) e um outro no Zimbabwe, cujo nome acabo de me esquecer, formam o grande Parque Transfonteiriço do Limpopo: um grande lar para milhares de animais selvagens que vivem livremente. De princípio, não teriam que se preocupar com caçadores furtivos. Infelizmente, na prática não é assim. Há-de sempre haver um fdp que quer sacar o marfim dos dentes dos elefantes ou a pele do leopardo...imagens do mais deprimente e doloroso que há..


Aconselho todos vós a fazerem um grande esforço e a virem ver este espectáculo gratuito da Mãe Natureza..e a ficarem reduzidos à insignificância do ser humano, porque ali, meus amigos, não somos nós que estamos no topo da cadeia alimentar! Olhar um elefante de frente, vê-lo a levantar aquela tromba e a "uivar" para nós em defesa da sua cria...coloca-nos no nosso lugar (sim, entrámos sem querer no meio duma manada de mães elefantas que lanchavam com as crias..manada, é como quem diz umas 30 ou 40!!! E não, não há fotos que sirvam de prova deste acontecimento porque entrámos todos um bocado em stress e só conseguimos admirar o show e decidir se devíamos avançar ou recuar o carro..)


E assim foi, o fds...elefantas mães galinhas, leopardos bon vivants, bufalos cornudos, girafas curiosas, kudus pachorrentos, impalas brincalhões, javalis de joelhos no chão, cães selvagens à caça, macacos fugidios, passáros de todas as cores e feitios, árvores antigas cheias de mistério e eu sei lá mais o quê!


Vim de alma cheia..e agora, de volta aos mosquitos chokwenses, para mais uma semana potente de trabalho!
PS: Infelizmente, desconsigo colocar fotos...a minha net tá a negar!Soory

22 de janeiro de 2009

Weekend again!! Big 5, here I goooooooooo


É oficial: embora trabalhe sempre às sextas até bem tarde (tenho em conta que o nosso escritório fecha as 13h e todo mundo vai embora, excepto eu e a minha xará), os meus fds começam à quinta...é quando sinto que já não estou cá, neste projecto complicado e fullllllllll de coisas burocráticas para tratar, reuniões a horas impróprias, viagens que me matam e pouco, muito pouco trabalho de campo...que foi para isso que eu quis vir mas atão..caça ao mosquito é só dentro da minha casa. Minto, nem isso. Fiz questão que a minha casa fosse pulverizada (não, não foi com DDT que eu não sou assim tão louca) e desde então vivo no cemitério oficial dos insectos...tudo o que é bicho que entra, morre ao fim de pouco tempo. Eu bem tento expulsar as borboletas de lá à vassourada mas elas são um bocado desorientadas e morrem...às dezenas, todos os dias. E eu choro. Porque acho que sou culpada da morte de filhos da Mãe Natureza..


Bom, o que interessa dentro deste feeling, é que já não há quem me tire esta ânsia do fds..que na minha cabeça começa hoje. Porque tenho que ir fazer as malas para ir para o Kruger amanhã!!

Ah pois é! Depois mostro as fotos ;)

20 de janeiro de 2009

Também tenho uma casa no lago! Afinal...

Esta noite acordei às 3 da matina...chovia a potes.
Não, vocês não tão bem a ver.. Quando eu digo que chovia a potes, é mesma a potes! Tipo torneira aberta e água a jorrar, tipo mangueira a jacto, tipo catarata, tipo...eu sei lá! Só sei que ia ficando com a casa inundada (que isto de viver na pérola do Indico obriga a dormir de janelas abertas..), que não conseguia dormir, tal era o barulho da chuva a cair na placa de zinco e que não parou de chover até às 6.. Hora a que me levanto e..surprise!!! A minha casa era uma ilhota no meio de água castanha...muita água castanha! E lá foi o filme do costume: desbloquear o diferencial ( porque é que eu fico sempre com o carro que exige um alicate para isto?? alicate, essa ferramenta que eu não possuo?!), andar descalça com os pés na água, escorregar no matope, conduzir com jeitos de grande condutora de TT para escapar às armadilhas da estrada, entrar no quintal do escritório com os pés descalços, os chinelos na mão, a cara suja de matope e pôr os colegas todos com aquele sorriso de "esta mulunga (branca) é mesmo completamente pirada do juízo"...
Enfim...afinal adoro a chuva e todo este ritual, que só poderia acontecer aqui.
E esta tarde, quando regressar a casa, vou puxar muuuiiiito pela creatividade e imaginar que a minha casinha de bonecas rodeada de água é uma linda mansão de madeira no meio de um lago..Valha-me a V. (filha da minha vizinha da frente) e o J. (filho da minha vizinha do lado) a brincarem no matope, sem ligarem a mínima para a quantidade de bichos que andam por ali.. e já não vou querer saber da mansão para nada..

Me encanta la vida en Chókwè :)

18 de janeiro de 2009

Back to life in Chókwè..


Vá. Nada de stresses! Eu prometi que ia escrever e escrevo mesmo. Mas ao ritmo africano, claro. Que é primo do alentejano!


Então, o ano novo começou e com ele, a rotina da boa vida no mato...vulgo, horas infindáveis no fresquinho do AC do escritório do Chókwè, intercaladas com horas infindáveis no "conforto" dos nossos Znen, pelas estradas esburacadas de Mabalane...Ok, eu explico: Mabalane é um dos distritos que estamos a apoiar e neste momento, a iniciar uma actividade de distribuição de redes mosquiteiras. E pessoal..Mabalane fica láaaaaaaaaaaa! E com a pouca chuva que caiu no natal, a estrada de terra batida ficou cheia de buracos..claro que aqui, somos obrigados a redifinir a palavra buraco...Temo ficar com sequelas crónicas nas minhas costas.


A rotina da boa vida no mato também inclui fins de semana. Felizmente! Como chegámos todos da Europa há pouco tempo, quisémos ficar mesmo pela smurf village, para matar saudades. Jantarada de ano novo no Quintal do Carmelo, a nossa casa: com churrascada, camarão e 2M ( a nossa super bock), seguida de concerto na Palhota. A Palhota é a melhor coisinha que temos para animar as noites cá em Chókwè. É um bar, bar mesmo. Nada de paredes de matope ou telhado de zinco. Mas ainda assim, é um bar africano...felizmente, a Palhota está equipada com tudo o que é instrumento musical e dá para assistir a altos concertaços! ok, pronto, tou a exagerar. Mas é nice. E este fds o concertaço durou até as 4 da matina, mesmo a tempo de ver o sol raiar... e ficar com os pés enterrados no matope aqui de casa, a tentar empurrar o carro da Georgina cujas mudanças da tracção se recusaram a funcionar (epá, mas o teu carro não é chinês!! Que terá passado??).


Agora, a maravilha mesmo, de estar de volta, é a possibilidade de acordar a um sábado de manha, pegar no carro, conduzir até ao Bilene e passar o dia numa das praias mais bonitas de Moçambique (segundo dizem os roteiros turísticos porque, cá para mim, há paraísos mais bonitos..), com a família chokwense e disfrutar dum pôr do sol magnífico...que nos enche a alma, que quase puxa a lagrimazinha e que me faz levantar os braços e agradecer esta vida... Kanimambo!


E como sempre, nos domingos em Chókwè, vai-se até à barragem de Macarretane, aqui a 15 km. Cumprimenta-se os 2 baobas (embondeiros. E sim, apenas 2. Não há mais aqui na zona, pelos que lhes temos muito respeito e tratamos com muito carinho), reza-se para que os hipopotamos saiam um pouco da água e bocejem para nós, inveja-se a casa da Mia no meio das mangueiras gigantescas e com vista para o rio, ri-se com os miúdos da aldeia que dançam para nós que nem malucos sempre que nos veem, e finalmente..preguiça-se em cima duma esteira até que o sol nos abençoe com mais uma partida...


Assim é o fim de semana em Chókwè...Life is good again :)

13 de janeiro de 2009

Finalmente consegui!!!

A minha net africana ( a very moody one) estava a dificultar-me a criação do blog mas parece que se redimiu destes meses e meses de tentativas furadas.

Então, familia e amigos, é a partir de agora que já poderão seguir as aventuras de uma preta alentejana na terra feiticeira! Prometo fotos, parágrafos curtos e lágrimas de saudade do nosso jardim luso.

Let the games begin!!!