Enquanto houver estrada para andar...

Já assim de seguida (que vou embalada com esta maravilha de ter BL e de amanhã ser feriado e eu não ter que acordar às usuais 6:30), este fds fomos pra Maputo.

Foi fds grande, como disse. Amanhã comemora-se o Dia dos Heróis, e os 40 anos da morte do Eduardo Mondlane (faxavor, google the man e descubram quem foi e que importância teve para este país, que este blog é um diário familiar e não um livro pedagógico!).

Vai haver festa de grossa em Manjacaze com visita presidencial e tudo, mas eu vou-me ficar por uma visita a um orfanato (I´ll get back to you on this one, later on..)

Nós fizémos ponte e como tal, tínhamos disponíveis 4 dias de dolce faire niente...em vez de ir à Swazi, como inicialmente planeado, ficámos pela big city. E porquê, pergunta vocês?!

Porque esse grande senhor da música portuguesa, essa figura que nos abençou com uma visita a Évora há mais de 10 anos atrás, autor das letras mais expressivas que tanto me tocam (a mim e tantos de vós..), deu-nos a honra da sua visita no Maputo!!!

Sim, the one and only...Jorge Palma!!! Tocou para uma plateia de 40 pessoas na estação de caminhos de ferro do Maputo (é que já tinha dado um concerto na noite anterior para 300 pessoas mas aqui as princesas do mato não sabiam...), cantou e encantou com o seu filho (promete, esse petiz) e obviously...estava todo emborrachado, como é seu hábito nos concertos que dá e nem eu nem qualquer verdadeiro fã esperaríamos que fosse doutra forma!!! Porque só assim, podemos ter o privilégio de cantar mais alto que ele, que entretanto se esqueceu das letras, tal era a tosga que tinha em cima ( e os choques que apanhou no micro por andar descalço, enquanto dizia c"#"#??)

Pois eu fiquei de alma cheia....durante 2 horas viajei no tempo e voltei à minha Sé e ao meu templo de Diana e às noites intermináveis de copos com a minha família eborense, que sempre acabavam com o nascer do Sol..

Bem sei que em Portugal, um concerto do Jorge, para muitos de vós, não seria momento de loucura total mas podem imaginar o que é? Viver no mato, não saber o que é um cinema, teatro ou concerto há meses e de repente, ter à vossa frente a possibilidade de se sentirem no jardim luso? Cantar em português com o pulmão bem aberto? Dizer asneiras à moda do Porto? Estar num recinto tão cheiro de mulungos, que me consigo esquecer da cor da minha pele? (sim pessoal, que eu aqui não sou a vossa preta mas sim a mulunga que veio da India...é o que dizem aqui por Chokwe...eu tenho traços indianos. A ver: paizão, mãe goducha?? Afinal, venho da onde???)

Enfim...este concerto, não foi só um momento de relax e lazer, como são tantos outros concertos que assistimos por aí...foram 2 horas de deja vu, de melancolia e de saudade de uma outra vida e de tantos amigos que deixem espalhados..

Como não puderia deixar de ser (porque são fãs do Jorge ainda mais que eu), liguei às minhas preta agrícolas...e ouvi a voz da Z. e, por momentos, voltei a sentir aquela angustia por estar longe..valha-me a tecnologia e a facilidade de comunicação da era moderna!

Minha preta linda:

" ...que a dependência é uma besta, que dá cabo do desejo e a liberdade é uma maluca, que sabe quanto vale um beijo..enquanto houver estrada pra andar, a gente não vai parar...a gente não vai parar.." nem eu, nem tu nem o Jorge...sempre comigo, na lembrança duma noite em Odeceixe em que me gravaste o seu Best of...sempre presentes no meu mundo por mais que seja a distância..

Pronto, este fds fiquei lamechas e com saudades de outros tempos..já passará!

E não, o Jorge não me confirmou o casamento que foi anunciado na Antena 3:p)